quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dia dos Namorados

Também este crepúsculo...


Também este crepúsculo nós perdemos.

Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas

enquanto a noite azul caía sobre o mundo.



Olhei da minha janela

a festa do poente nas encostas ao longe.



Às vezes como uma moeda

acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.



Eu recordava-te com a alma apertada

por essa tristeza que tu me conheces.



Onde estavas então?

Entre que gente?

Dizendo que palavras?

Porque vem até mim todo o amor de repente

quando me sinto triste, e te sinto tão longe?



Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo,

e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.



Sempre, sempre te afastas pela tarde

para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.



Pablo Neruda, in Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada

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